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O Melhor e o Pior de Zardoz
O MELHOR E O PIOR DE ZARDOZ
Por: Dr. Boogie
Tradução de: BIG BOY
Você já tinha ouvido falar em Zardoz? Eu não, mas tudo isso mudou quando uma busca rápida no Google revelou-me várias imagens de Sean Connery parecido com Burt Reynolds vestido em uma roupa da grife de Robert Mapplethorpe. Eu precisava saber mais.
O filme é sobre um homem chamado Zardoz. Zardoz é parte de uma raça imortal de pessoas chamados “Eternos”, que governam o mundo pós-apocalíptico diretamente do conforto de comunidades protegidas com escudos chamadas de “Vortices.” Sean Connery interpreta Zed, um homem que fez sua carreira atirando em homens, mulheres e crianças porque Zardoz mandou que ele fizesse isso. Um dia, Zed pega uma carona com Zardoz e termina atolado até os joelhos nos problemas do afetados, porém fisicamente dotados, Eternos.
Não é um filme ruim propriamente dito; ele simplesmente fica tolo às vezes, especialmente quando o diretor tenta fazer uma coisa artística e filosófica, enquanto cabe à platéia fica olhando para a mala do Sean Connery. Ou talvez tenha sido só eu...
Seja como for, se você está imaginando como esse filme deve ser, mas não quer passar uma hora e quarenta minutos assistindo-o, eu tenho a solução perfeita para isso. Eu resumi alguns dos melhores (ou piores, dependendo do seu ponto de vista) aspectos de Zardoz:
#1: O Próprio Zardoz!
Ironicamente, uma das piores partes de Zardoz é o personagem título. Pra começar, ele parece com o Wayne de Anos Incríveis, com uma barbinha e um bigode desenhados com uma canetinha. Se ele não conseguia ter uma barba natural, certamente nos anos 70 havia tecnologia o suficiente para fazer uma barba postiça. Parece que teria sido válido gastar um pouco mais de dinheiro para que ele tivesse uma barba que parecesse de verdade, considerando que sua cara de idiota é a primeira coisa que nós vemos no filme.
O filme começa com a cabeça de Zardoz, sem o corpo, flutuando pela tela, explicando que o filme inteiro é um pedaço tirado de sua vida, passado em um distante futuro. Ele também explica que, sendo um imortal que viveu por 300 anos, ele espera ansiosamente pela morte. Entretanto, ele alerta a platéia para que ela tome cuidado, “Para que vocês não terminem como eu.” Eu não posso falar pelos outros 299 anos mas, para mim, o último ano de sua vida parece ter sido bem legal (mais sobre isso mais tarde)
O que é realmente irritante em Zardoz, entretanto, é o ele próprio. Ele se descreve como um “mágico, por vocação”, mas, sempre que nós o ouvimos falando com uma voz afetada e metida, encarando a câmera com expressões faciais exageradas, você pensa menos em um “mágico” e mais em “professor de artes dramáticas de colégio.”
Por sorte (eu acho), ele mal aparece no filme que leva o seu nome. Ele aparece brevemente no início, apenas para reaparecer no final onde ele alegremente diz que ele estava por trás de tudo que aconteceu durante a última hora e meia.
#2: A Cabeça de Pedra!
Como um deus imaginário observando uma secção desolada de um mundo pós-apocalíptico de merda, Zardoz precisa mostrar um pouco de estilo. Dragão? Não. Castelo nas nuvens? Não. Jetpack? Não. Quando você realmente quer o respeito de seus desmiolados seguidores, você precisa de algo a mais. Alguma coisa tipo uma cabeça gigante voadora de pedra.
Zardoz faz paradas periódicas em seu perturbador veículo voador para falar com seus seguidores, os assim chamados “Escolhidos,” os quais ele confiou a tarefa de exterminar todos aqueles humanos não são Eternos, os quais ele chama de “Brutais.” Sua estátua explica o porquê com um argumento bélico:
O pênis é mal! O pênis dispara sementes, e cria vida nova, pata envenenar a terra com uma praga de homens, como uma vez foi. Mas a arma de fogo dispara a morte e purifica a terra com a imundice dos Brutais. Vá, e mate! Assim falou Zardoz!”
Armas de fogo são demais, não são? Zardoz acha que sim, e ele acha que seu Escolhido deveria ter muitas delas. Para ser mais exato...
A cabeça voadora expele armas de fogo e munição aos montes, dando ao Escolhido tudo que ele precisa para dar cabo daqueles pênis malignos. Destruir falos com símbolos fálicos... talvez Zardoz seja apenas um fã da ironia.
Eu sei que Zardoz reclamou que a vida eterna é um saco, mas isso me parece tudo muito legal. Ficar voando por aí numa cabeça gigante voadora, jogando armas de fogo sobre seus adoradores homens das cavernas em suas máscaras patetas, ficar fazendo discursos sobre os males dos atiradores de sementes dos homens, tudo isso parece com uma aposentadoria das mais divertidas para mim!
#3: Zed!
Acredite ou não, este é o nosso herói. Ele é bem peludo, e ele está usando uma fralda de pano com botas de prostituta, mas, tenha certeza, este é o cara pro qual você deveria estar torcendo.
Zed é um cara de muita ação. Quando nós ficamos sabendo, através de suas memórias, que ele levou uma longa vida de matanças em nome de Zardoz, nós chegamos até mesmo ouvi-lo falar sobre como ele adora abater pessoas inocentes, e sobre como atirar neles pelas costas lhe traz grande alegria. Ele adora tanto matar que, de fato, nós ficamos sabendo que a razão pela qual ele se esgueira pra dentro da cabeça voadora de Zardoz era que ele queria se vingar daquele esquisitão melodramático for dizer para ele e para os outros Escolhidos para ir devagar com a matança.
Parece ser um tipo bem vagabundo de herói, hein? Bem, não se preocupe; matar não é tudo que ele faz. Ele também é um grande fã de estupro! Em uma cena notável, ele encontra os “Apáticos,” Eternos que estão tão entediados com a imortalidade que eles nem conseguem se mover para comer. Seu primeiro instinto: uma pegada hardcore, seguida de uma rolada no feno. A mulher Apática, entretanto, não está muito afim, e não da maneira que Zed está acostumado, também. Isso realmente o deixa super puto!
Ele fica tão louco por causa da indiferença dela que ele a joga de lado como uma boneca de trapo (ou um manequim?) e sai tresloucado, num curto acesso de destruição. Esse é o nosso herói, senhoras e senhores: um cara que entra em um frenesi destruidor por que seu estupro não deu muito certo.
#4: Os "Renegados"!
Como imortais, os Eternos não envelhecem com a passagem do tempo. Entretanto, existem leis na sociedade Eterna. Quando essas leis são quebradas, o criminoso Eterno é envelhecido de acordo com a severidade de seu crime. Eles nunca morrem de velhos, entretanto; eles simplesmente se tornam senis e, nesse ponto eles se vestem em roupas formais bem velhas, e são enfiados em uma merda de tenda de festival. Eles chamam esses Eternos desobedientes de “Renegados,” embora você não tenha a impressão de que muitos deles estão sendo rebeldes nesse presente estado. Eles significam uma ameaça surpreendente a Zed, mesmo sendo senis e enfermos. Parte disso, entretanto, se dá por causa do que vem a seguir:
#5: Amigo!
O mestre de Zed no Vortex é um homem chamado Amigo. Deve ser um apelido irônico porque ele não parece ter absolutamente amigo algum, com exceção do itinerante Zardoz. Amigo está cansado de tudo: cansado de distribuir pão, cansado de tomar conta de um armazém cheio de estátuas velhas, cansado de ser responsável por Zed, cansado da imortalidade, e cansado de todo mundo ao seu redor. Eventualmente, todo mundo acaba ficando de saco cheio dele, e ele termina se tornando, ele mesmo, um Renegado.
Antes de ser envelhecido, Amigo se parecia um pouco com Paul McCartney. Agora, ele é o McCartney dos anos 70 no lado direito do rosto, e o McCartney de 2010 no lado esquerdo do rosto. Eu não sabia que os Eternos podiam causar envelhecimento específico em certas áreas como parte da punição. Eu queria que eles não tivessem feito isso, porque é muito mais difícil fazer suas falas funcionarem com metade da sua cara toda contorcida, como num derrame. Nem é necessário dizer que seu desejo prévio por morte agora é muito mais intenso, porque ele se tornou um pobre homem de duas caras.
#6: A Nudez!
Quando comecei a assistir a esse filme, eu não estava esperando ver muita nudez. Eu acho que imaginei que a cuequinha vermelha de Zed era o limite supremo. Eu descobri que esse filme era um verdadeiro maremoto de peitinhos pálidos, mostrados com toda a graça e sutileza do cara que dirigiu Deliverance. Algumas vezes eles estão simplesmente lá, balançando, outras vezes eles saltam para fora graças a algum problema de funcionamento das roupas das Eternas. Não me entendem mal; eu não estou, de maneira nenhuma, reclamando da nudez que eles mostram (somos piedosamente poupados de ter que ver algum flácido pinto inglês). É que chega a tirar um pouco de nossa atenção, especialmente durante uma apresentação feita por Consuella, uma Eterna que está constantemente importunando Zed, querendo saber mais dos segredos da ereção.
"Ninguém pode determinar muito bem como isso… se torna isso."
Eles explicam que todos os Eternos perderam a habilidade de produzir ereções porque eles não precisam mais reproduzir, por que todos são imortais e os recursos são escassos. Pra piorar, embora sejam os detentores de todo o conhecimento acumulado pela humanidade, os Eternos ficam embasbacados tentando descobrir como alguém pode conseguir ter uma ereção. Eles fazem uma experiência com Zed, mostrando algumas cenas de mulheres lutando peladas na lama, mas isso falha em produzir alguma reação. Ele fica de pau duro, no entanto, ao ver a cara de nojo que Consuella faz ao ver que ele está com tesão. Foi uma cena divertida, mas eu não consigo evitar de sentir que o filme poderia ter usado mais cenas de pesquisa científica envolvendo mulheres lutando peladas na lama.
#7: A Caçada por Zed!
Mais tarde no filme, os Eternos notam que Zed é subitamente imune aos seus poderes psíquicos. Isso os leva a uma conclusão óbvia: Eles TÊM que matá-lo imediatamente! Uma vez que eles não podem mais usar seus poderes em Zed, eles recorrem à balançar seus braços em sua direção loucamente. Seus números ameaçam esmagar Zed, mas pra sorte dele, os Eternos são bestas descerebradas que não têm a menor idéia de como matar alguém. Eles procuram por ele, e francamente, não dá muito certo. Em seu desespero de encontrar esse homem solitário, e pouco vestido, eles pegam algumas facas e lanças de um depósito e saem no encalço dele. Quando eles fracassam em encontrá-lo, eles começam a queimar prédios e construções a esmo. Eles quase conseguem capturá-lo algumas vezes, e embora eles tenham cavalos e Zed constantemente está fugindo em alguma vasta área a céu aberto, ele consegue deixá-los pra trás todas as vezes. Em certo momento, ele escapa simplesmente jogando uma mão cheia de farinha em seus perseguidores.
A caçada chega ao fundo do poço quando Zed é capturado com sucesso, mas não por todo aquele povo a cavalo, mas sim pelos geriátricos e mal-ajambrados “Renegados.” Como isso aconteceu permanece envolto em mistério, mas isso não é importante. O que realmente importa é que eles decidem ajudá-lo, mas pra conseguir fazer com que ele passe despercebido pela multidão, ele precisa de um disfarce:
Deixa eu dizer só uma coisa:
Você sabe que seu filme está em apuros quando Sean Connery vestido de noiva é a coisa menos idiota nele.
#8: O Final!
Se você conseguir chegar até o final desse filme bizarro, sua recompensa é uma seqüência bizarra, ao som de um pouco de música clássica.
Depois de resolver seus problemas, Zed e Consuella, uma mulher com a qual ele não parece ter qualquer tipo de relacionamento, fogem sorrateiramente pra dentro dos escombros da cabeça voadora de pedra de Zardoz. Eles começam a dar uns pegas quando, de repente, Consuella já está dando a luz! Meu, esse é um cara viril!
Ela da à luz, e então vemos uma série de imagens mostrando a passagem do tempo na vida deles e de seu filho. Alguns frames depois ele é um adolescente, pronto para sair por aí e se tornar um fanático sanguinário, assim como seu pai. Mais alguns frames depois, Zed e Consuella estão velhinhos. Mais alguns e eles são esqueletos. Finalmente, eles se foram, e apenas sobram algumas marcas de mãos e uma espingarda suja contra a parede. Que diabos? Eles viveram o resto de seus dias usando a cabeça como algum tipo de bangalô caindo aos pedaços? Eles usaram seus poderes para envelhecer super rápido? Porque eles estão tão próximos? Ele era um brutamontes assassino, e ela queria matá-lo por ficar de pinto duro na presença dela, mas agora eles estão completamente mudados? Que merda é essa?
Sem qualquer sinal de uma resposta e com as chances de uma seqüência ficando cada vez mais improváveis a cada década que passa, você terá que tirar suas próprias conclusões. Eu não sei de muita coisa, mas aposto que Beethoven nunca esperou que sua sétima sinfonia seria usada para encerrar um filme sobre Sean Connery vestido como um gigolô e tentando trepar com tudo que se movimenta.
Há outras coisas entre essas, mas, na verdade, isso é o que você vai levar do filme depois que assisti-lo. Com um pouco de boa sorte, sobrou o suficiente do filme para você ver. A menos que você tenha visto o suficiente aqui, e nesse caso, de nada.
Agora é sério: qual era a daquela roupa?
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